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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Carta aberta à Secretária de Cultura, INEPAC e Subsecretaria Executiva, enviada por Ayala Pessôa, IAB


Rio de Janeiro, 24 de agosto de 2011.
 
 
Á
Exma. Sra. Adriana Rattes, Secretária de Cultura do Estado do Rio de Janeiro
Exma. Sra. Olga Campista, Diretora do INEPAC
Exmo. Sr. Dr. Luiz Zugliani, Subsecretário Executivo do Estado do Rio de Janeiro
 
Prezados,
“Tudo muda o tempo todo no mundo” - Essa frase da música de Lulu Santos é uma das minhas prediletas, porque muito diz sobre os acontecimentos da vida e, nesse momento em que o Centro de Estudos Arqueológicos-IAB pode ser despejado da sua amada e merecida sede – o Capão do Bispo –, ela me remete aos meus primeiros momentos lá.
 
Na época, eu, uma futura historiadora interessada em me especializar no período militar brasileiro e suas canções, vi minha vida mudar drasticamente assim que subi aquela longa rampa e adentrei por aquelas portas antigas e cheias de história. Ali, além de descobrir as dores e as delícias de se estudar arqueologia no Brasil,  me deparei com uma das minhas maiores paixões: a arte rupestre.
 
Trabalho nesta casa há cinco anos, pouco tempo diante de pessoas que dedicaram toda sua vida a causa e aos conhecimentos da arqueologia, mas tempo suficiente para sentir um apreço muito grande pela casa. Lembro-me com se fosse hoje o dia em que lá cheguei para a reunião com o Paulo Seda, meu professor na Universidade do Estado do Rio de Janeiro na época. Minha primeira impressão foi tomar um grande susto, pois não havia percebido esta casa em um lugar tão central da Zona Norte. Nela, pude aprender muitas coisas com todos os seus dedicados e fiéis profissionais e, graças a esses aprendizados, hoje faço parte do Mestrado em Arqueologia do Museu Nacional-UFRJ. Graças a todo o respaldo que ganhei durante esses anos de trabalho, poderei daqui há muitos outros anos continuar a contribuir para os conhecimentos desse saber.
 
O que esta minha carta e tantas outras que estão sendo enviadas refletem um trabalho digno, sério e apaixonado de toda equipe desse Instituto, que durante todos esses anos cuidou dessa casa como seu fosse seu próprio lar e fez isso sempre com o coração cheio de orgulho e que não merece ser despejada dessa maneira. Além do mais, esse despejo seria um retrocesso no que tange ao aspecto cultural, visto que interromperia trabalhos de anos e deixaria sem abrigo um material de importância muito grande para parte da historia do Brasil que pouco é conhecida e que merece não uma perda como o despejo do IAB, mas sim muitos incentivos.
 
Atenciosamente,
Ayala Santos Pessoa
Pesquisadora do IAB

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